Quanto por orgulho se perde. Nem sei dizer desse sentimento que não agrega nada de bom, ao contrário, distancia, priva, repele, prende, nos separa do próprio desejo. É como se nos recusassemos a seguir, a cruzar a ponte, mesmo sabendo que só seremos felizes do outro lado. Emperrar, distorcer os fatos, só para que se ajustem ao ponto onde fincamos idéia, onde paramos no tempo. E obstinados recusamos ver as outras razões, que não as nossas, dar outros sentidos aos fatos, que não aqueles que alimentam a dureza dos sentimentos. Ceder ao orgulho, é o caminho mais fácil para embrutecer, atrofiar a sensibilidade e guardar tudo que só é desgosto. Fosse fácil resistir, como é analisar assim, tecer conceitos apenas; seríamos tão mais livres, tão mais leves, tão mais felizes do lado de lá. Mesmo assim que possamos nos mover da mágoa sempre, e nos deixemos ser movidos pela compreensão e pela suavidade que a vida merece.
Cora, um pouco noturna
Cora, um pouco noturna